Foto: Marina Sobral
Nas minhas voltas na Internet, uma das minhas maiores dispersões é passear pelo flickr e despretensiosamente ver montes de fotografia, “folhear” o que, conscientemente ou não, cada usuário decidiu colocar no seu espaço. E percebo que, muitas vezes, falta unicidade entre as imagens que as pessoas costumam publicar (inclusive eu!, um verdadeiro exemplo do “sujo falando do mal-lavado”). É curioso ver esse amontoado de fotos que postamos a torto e a direito, imagens que não dialogam entre si, que chegam, às vezes, a ser redundantes mas que dão conta daquela nossa necessidade de publicar mais e mais imagens, sem parar.
Bom, dito isso, posso justificar pelo avesso o que me fez escolher o Flickr dessa semana. Foi justamente o contrário. Porque a dica desta quarta é sobre identidade. E a página de Marina Sobral corre justamente na contramão desses flickrs superlotados de imagens que não se relacionam. As imagens de Marina se relacionam, sim, e afirmam com certa clareza e muita delicadeza sua identidade como fotógrafa.
A página é bem pessoal, misturando aquelas passagens turísticas da vida de todos nós, alguns retratos de álbum de família, com pequenos pedaços de tempo, pequenos detalhes do mundo que só um olhar apurado pode perceber. Não sei até que ponto Marina é uma fotógrafa profissional ou não, nem acho que isso seja relevante no momento, mas a coerência de tons de cor, a recorrência de vazios, o uso consciente do desfoque podem ser apontados nas imagens dela como características suas. E o que acho interessante nisso tudo é encontrar um exemplo claro de que não é preciso ir muito longe para entender o conceito de identidade no trabalho de alguém. Porque a identidade não se planeja. A identidade é uma vivência.
* O flickr de hoje foi uma dica de Helder Tavares, que me despertou para boa parte dessas reflexões sobre Marina Sobral. O 7 agradece a ele!
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