A força desta imagem é o que instintivamente atrai meus olhos, que em poucos segundos desvelam todo o quadrado, mas mesmo assim não consigo despregá-los da cena, é linda. A ausência de elementos dissipadores de atenção permite concentrar meu foco na fotografia e me impulsiona a entendê-la e desmistificá-la.
A beleza que emana desta foto está na sua simplicidade, no equilíbrio sereno e impecável da composição, nas formas, texturas e na combinação dos tons de preto e cinza, sem brancos (algo que muito me agrada). Essa análise da imagem é inevitável, meus olhos me obrigam a querer entender a atração sensorial que ela me causa.
Sempre tive uma grande curiosidade em compreender o porquê das coisas, às vezes parece que aquela fase da infância nunca acabou, mas depois de adulta tento me comportar e não sair por aí perguntando o porquê de tudo para todo mundo. Ainda mais se tratando de fotografia, as imagens montadas me causam certo furor, fico louca para saber o porquê de cada coisa estar ali em seu lugar, ou mesmo só para saber que não tem razão nenhuma (o que já é uma explicação).
Logo faço a ligação óbvia, a imagem é uma clara analogia ao símbolo do partido comunista. A foice e o martelo simbolizam, respectivamente, a classe dos trabalhadores campesinos e dos trabalhadores industriais, e estão colocados sobre o típico chapéu mexicano, pura simbologia. A fotógrafa italiana Tina Modotti era uma revolucionária, engajou-se na luta política durante os anos em que viveu no México (de onde foi expulsa por isso), foi militante do Partido Comunista Mexicano e colocou sua arte a serviço da política revolucionária. Em sua obra mesclam-se as fronteiras entre o envolvimento político-social e a produção de sentido na imagem fotográfica.
Por tudo isso é que poderia ficar olhando pra sempre essa bela fotografia, ela representa a força, coragem e delicadeza com que Tina usou sua câmera para retratar a injustiça social e defender os ideais nos quais acreditava.
Essa é uma das melhores fotos que já vi no Olhando Pra Sempre. Estou arrepiada da cabeça ao pés. Bela escolha! Vou correr agorinha atrás do trabalho dela =)
A ponta do chapéu me lembro um sujeito encapuzado à la Ku Klux Klan. Claro que não tem nada a ver Ku Klux Klan com comunismo/socialismo, mas que me lembra, me lembra!
Agora que a imagem tem tons muito agradáveis e texturas muito bem captadas, isso é absolutamente inegável. Parece ser uma foto criada para ser símbolo desde seu início – é bem simples, mas forte. Obrigado por esta joia, Maíra – também vou procurar conhecer mais obras de Tina Modotti.