24 respostas para Diálogo 28 – Eu sou fotógrafa e estou na moda!

  1. Marcos André disse:

    Excelente texto.

    Eu ia complementar com algumas coisas que tenho visto por ai porém não vai acrescentar muito.

  2. Mari Leal disse:

    Essa é uma ótima discussão meninas! Tenho um tio que toda vez que me vê com a câmera pergunta se eu vi a super lente que ele comprou e mostra com as mãos o tamanho dela, como se o tamanho da lente fosse o suficiente pra fazer boas fotos (e no fundo sei que ele tá questionando como eu trabalho com fotografia se uso essa lente tão pequena – 50mm – enquanto ele tem uma lente melhor que a minha, pois é maior). O mesmo se esquece que voltou de sua última viagem de Paris reclamando que as fotos não saiam boas pois não sabia mexer na câmera. É claro que ele não tem nenhuma pretensão de ser fotógrafo, mas esse pensamento de que o melhor aparato tecnologico é que faz a melhor foto é bem comum.

    Achei bem interessante o que o Danielo Siqueira colocou em seu blog – http://www.letsvamos.com/letsblogar/2011/08/23/sempre-a-camera/ – ri, mas no fundo é bem verdade.

    Beijos

    • Acho que meu pai ficou mais feliz do que eu, quando comprei a minha 70-200mm branquinha.. Ele repetia com um sorrisão no rosto “essa lente é muito boa! olha como ela é grandona! agora sim tu é fotógrafa pra valer com essa lente”! Hahahaha

    • Por isso, Mari, que tem dias que me divirto à beça lendo os tweets do Fotógrafo Cuzão… http://www.twitter.com/FotografoCuzao

      É uma coisa meio extremada, verdade, mas é baseado nessas concepções erradas que ele dá as alfinetadas homéricas dele. Eu mesmo me lembro de quando um sujeito me viu com uma 17-55mm 2.8 e por causa do tamanho dela me abordou perguntando:
      – Essa aí vai buscar lá longe, hein?!

      Tive vontade de responder que lente não é cachorro, sério.

  3. Acrescentando um pouco a charge: – Ótimas fotos! Que equipamento você usou?
    – Um cérebro, um olho, um dedo e um coração.

    Penso que fotografia vem muito do afeto. De você sentir que aquilo deve ser registro e visto, revisto, revisto. O melhor equipamento de um fotógrafo é ele mesmo.

  4. Parabéns, pelo texto, vibrei em algumas situações, gostaria de poder gritar e mostrar por ai, (in)felizmente temos só este tipo de ferramenta para mostrar a todos.

  5. Tá! Eu sou bem tímida e nunca comentei por aqui porque vocês são cabeças demais e eu não sei falar bonito assim… rs (brincadeira heim!)
    Mas esse é um assunto que eu sempre me pego pensando. O que é ser fotógrafo? E eu nunca chego em lugar nenhum.
    Já acreditei na questão: Fotógrafo profissional é aquele que ganha dinheiro com fotografia, seja ela boa ou não. E o fotógrafo amador aquele que faz porque ama – como o próprio nome sugere-, seja ela boa ou não.
    Acontece que eu não gosto de rótulos e essa frase, apesar de achar que tem sua razão, nunca me bastou.
    Volta e meia alguém vira pra mim e diz: “…você, como fotógrafa profissional…” Ai, detesto ouvir isso. E é aí que eu percebo o quanto aquela frase não diz verdades a mim. Porque apesar de ganhar din din com fotografia eu não me enxergo como fotógrafa profissional. Eu simplesmente fotografo e não curto ser rotulada por isso. Eu fotografo porque amo imagens, eu fotografo porque gosto de registrar momentos que eu sei que não voltam. Porque gosto de “colocar” numa imagem estática toda a magia que envolve congelar um momento e revivê-lo toda vez que olhar pra ele.
    Eu fotografo só por isso? não sei! Eu sei que esse ato me encanta e tudo mais que envolve a fotografia, procurar a melhor luz, o melhor ângulo pra registrar aquilo de acordo com a minha visão de mundo. E quantas vezes eu faço isso sem estar com a câmera nos olhos. Faço isso mentalmente.
    É, de fato não é a câmera que eu tô usando que vai determinar nada disso!
    Tenho fotos feitas com caixinha de fósforo que eu amo, que falam de mim, para mim, que me despertam sensações e emoções. assim como tenho fotos feitas em estúdio com câmera legal, iluminação profissional, luz fotometrada, rebatida lá lá… e que não me dizem nada!
    Vejo imagens por aí feitas com toda sorte de câmeras que me deixam com risinho de cantinho de boca ou me deixam angustiada, que falam pra mim! Assim como vejo imagens feitas com megapowers câmeras e que pra mim não têm valor.
    Nunca tive uma câmera nova, minhas câmeras sempre foram usadas do marido e nunca fiz questão de tê-las. Nunca fiz curso de fotografia, mas sempre busquei conhecer e aprender sobre, porque sim! Pra fotografar é necessário conhecimento! Mesmo que esse conhecimento seja adquirido com as suas próprias experiências e observações, erros e acertos.
    É difícil rotular e encaixar as coisas… mas acho que isso tudo que tu disse aí tá bem no caminho do que eu penso, ser fotógrafo vai além de muita coisa. Hoje, eu acredito que é muito mais ligado ao sentimento, à relação que se cria com o ato de fotografar.
    Mas eu acho que isso nunca vai ficar tão claro, pra mim é uma daquelas coisas que não precisam de definição… pra mim é mais importante “fazer” que buscar rótulos.

  6. Bom texto e ótimos questionamentos. Dia desses, aqui no Candela, recebi um email de uma pessoa interessada em fazer o nosso Curso Básico I perguntando se, após o curso, ela seria “fotógrafa profissional”. De verdade, fiquei sem saber o que responder, pois, o que determina o “profissional” do fotógrafo? Recorri ao Google e ele não me ajudou (se você coloca fotógrafo+profissional na área de pesquisa aparece uma imensa lista de fotógrafos que se intitulam profissionais). Talvez, bem talvez mesmo, a falta de um processo padronizado para determinar que um sujeito é fotógrafo ajude nessa proliferação de fotógrafos “zé bob”.

    Concordo que a fotografia é charmosa como é por conta do romantismo que tem e, acho que sempre terá. Um dia, o jornalismo também foi assim e acho que hé redutos de romantismo nele. Mas, acho que o mínimo de critérios para a formação desse profissional deveria ser atendida, afinal de contas, fotógrafo também não é um profissional de comunicação? E não falo somente do fotojornalista. Eu já fiz cursos, estudo, leio e fotografo, e não me considero fotógrafa. E, bem da verdade, não sei exatamente o motivo de não me considerar assim.

    E quem é fotógrafo profissional e por que? Por que uns são e outros não? Quem disse que você é profissional? Etc.

    Até agora, procuro a resposta para a pessoa interessada em nosso Curso Básico I. Intimamente, acho que ela não seria. Quem me ajuda?

    Beijos, Sam.

  7. frida disse:

    A globalização da comunicação também contribui com o crescimento de muitas outras práticas. Isso não acontece só com a fotografia. Inúmeras pessoas hoje possuem blogs de e se acham jornalistas. Com essa difusão de informações, coisas assim iam acontecer de qualquer forma. É fruto do que nós vivemos hoje.
    Difícil não ter uma visão romântica do fotógrafo. As melhores fotos são aquelas nas quais se nota que há sentimento – tanto por parte do fotógrafo, quanto da cena fotografada. Não adianta só técnica, não. E o mesmo que um cantor que toca e canta uma música que diz ‘eu te amo’ do começo ao fim, mas que não se sente nenhuma emoção nem do autor, nem no cantor, nem da melodia, nem em nada. Mas sempre vai ter alguém que goste, né?…

  8. Bruna, Evinha e Sam.. tenho pensado muito nessa coisa do que é ser fotógrafa. Como escrevi no texto, ainda não consegui definir isso muito bem em mim, não com palavras. Mas com sentimentos essa questão é bem clara.

    Faço uma analogia meio piegas, mas que define bem isso: a minha relação com a fotografia é como um relacionamento amoroso, em que existe admiração, respeito, troca, amor e conflitos também, porque não. E no dia a dia isso me alimenta, me instiga, me alegra, me provoca, me angustia…

    A fotografia encanta por isso é muito fácil se apaixonar por ela.. e eu acho isso ótimo. Acho lindo realmente ver um monte de gente se interessando, querendo comprar máquina etc etc.. Até brinco dizendo que o mundo seria mais bonito se todo mundo fotografasse.. Mas é aquela coisa ne? Não basta ter câmera, não basta gostar de fotografia, não basta fazer fotos bonitas. Acho que o grande diferencial nessa história é o respeito. Respeitar respeitar o mercado, respeitar o nosso trabalho e o trabalho dos outros, respeitar linguagens, respeitar os meios.. Enfim, acho que a definição do “ser fotógrafo” caminha por ai..

    • Pois é, tem que ter respeito também, de ambas partes: tanto do pessoal que é profissional da área pelos que portam singelas compactas e usam modos automáticos quanto destes por aqueles.
      Por isso é bem legal quando gente com mais experiência resolve ensinar pro pessoal novato na sua área (por área falo tanto “fotografia” quanto “em sua área de fotografia, como social, paisagem…”) e o pessoal mais novo procura ver as técnicas e filosofias por trás dos cliques profissionais, e parar com o mito de que é o equipamento fotográfico, e seu tamanho, que fazem a qualidade das fotografias.

  9. Paula Marina disse:

    Pri,
    grande texto. Concordo em gênero, número e grau. As pessoas querem aparentar que são. Querem status. Tanta bobeira !
    Achei ótima sua comparação sobre câmeras e bolsas, nunca havia pensado nisso. Realmente, agora câmeras são acessórios de luxo ! É tanta ilusão junta que assusta.
    Gostei também do que vc disse sobre a sua relação com a fotografia. Sinto parecido. E, no momento, eu e meu amor estamos em crise…rsrsrs. Estou reavaliando tudinho!

    Beijão !

  10. Chico Peixoto disse:

    Pri,

    lembrei de algumas passagens de susan sontag, no primeiro capítulo de “sobre fotografia”, que acho que dialogam bem com tua reflexão:

    1) “Em época recente, a fotografia tornou-se uma passatempo quase tão difundido quanto o sexo e a dança – o que significa que, como toda forma de arte de massa, a fotografia não é praticada pela maioria das pessoas como uma arte. É sobretudo um ritual social, uma proteção contra a ansiedade e um instrumento de poder.”

    2) “Assim como as fotos dão às pessoas a posse imaginária de um passado irreal, também as ajudam a tomar posse de um espaço em que se acham inseguras.”

    3) “A própria atividade de tirar fotos é tranquilizante e mitiga sentimentos gerais de desorientação que podem ser exacerbados pela viagem. Os turistas, em sua maioria, sentem-se compelidos a pôr a câmera entre si mesmos e tudo de notável que encontram. Inseguros sobre suas reações, tiram uma foto.”

    tenho procurado ser otimista quanto ao futuro. imagino que o grupo de fotógrafos e o grupo de pessoas que simplesmente tiram fotos ficará mais bem delineado a medida que comece de fato a fazer efeito o legado deixado por cada oficina, curso, graduação e pós-graduação em fotografia concluída. quase todo mundo fotografa hoje em dia, mas graças a esses espaços didáticos também cresce o número de pessoas “contaminadas” pelo conhecimento por trás da fotografia; gente que ingressa numa turma pensando uma coisa e sai dela com uma opinião bem diferente sobre fotos, muito afim de compartilhar essa descoberta com os outros.

    sem falar que esse conhecimento se faz necessário não apenas para quem deseja ser fotógrafo. mais do que nunca estamos nos afogando em imagens – cada vez mais carregadas de referências ideológicas, de mensagens subliminares, de manipulações. aspectos que, juntos, tornam cada vez mais difícil saber se estamos vendo o que está diante de nós ou se estamos vendo o que outros querem que vejamos. parece-me cada vez mais imperativa a necessidade de refletir sobre imagens para quem quer ser fotógrafo, mas também para quem interage com fotografias. ou seja, todo mundo.

    acho que o que pode atrapalhar esse processo é o descompasso entre o tempo que se pratica fotografia e o tempo que se encara a fotografia como área de conhecimento, a contante evolução tecnológica (novos modelos, novos recursos, todos os dias) e a fusão de suportes imagéticos, que exige novas formas de pensar imagem. resumindo: dá aquela sensação de que estaremos sempre correndo atrás.

    enfim, tá na cara que é um processo lento, mas torço para que chegue logo o dia em que o aprendizado filosófico e/ou reflexivo sobre fotografia (sobre imagens, em geral) desperte tanto interesse quanto o mero aprendizado técnico.

    • Aahh, Chico, você sempre trazendo uma contribuição linda! Poderia falar sobre vários pontos do teu comentário, mas vou me ater ao finalzinho. Eu, particularmente, sou menos otimista. Acredito sim que estejamos vivendo uma fase onde, depois (bote tempo nisso), quando a poeira baixar e certas “coisas” sedimentarem, estaremos um pouco mais “maduros” e que o processo de produção afoito de imagens talvez passe a nos incomodar menos. Mas mais no sentido de adaptação a um mundo ditado por imagens. Pois não sei se consigo acreditar que este tempo de aprendizado de que você fala chegará e atingirá as pessoas de forma mais massiva. Ele já está aí, há muito tempo, mas atinge quem tem curiosidade, interesse, identificação… Olha nós todos aqui tentando descobrir e entender tanta coisa sobre fotografia. Gostaria muito de acreditar, mas creio mais que o descompasso faz parte da vida e acho que continuará assim, cabe a nós sabermos conviver com ele.

      • chico peixoto disse:

        é pau, Maíra, o cenário não anima mesmo, né? tipo, sou meio desacreditado (acho que já manifestei isso em comentários anteriores). torço por uma reviravolta, mas já me preparei pra decepção, entende? eheheh

        eu até vejo melhoria com a propagação desses ambientes acadêmicos, mas concordo contigo: isso é pouco. são ambientes criados no final do processo de formação do ser humano, quando a pessoa já é adolescente ou adulta. mudança mesmo veríamos se, por exemplo, fotografia virasse de vez disciplina de ensino fundamental ou fosse inclusa nas atividades de toda e qualquer educação artística dos pimpolhos.

      • joanafpires disse:

        já eu acho que essa poeira não baixa, não, acho que os ‘fotógrafos profissionais’ é que têm que tentar conviver melhor com a poeira. a fotografia tem um tempo muito diferente do nosso, ela tem se adaptado incrivelmente a todas as transformações culturais que temos vivido – nós é que não conseguimos acompanhá-la, vivendo dilemas que são meio ultrapassados. definir um fotógrafo amador de um profissional é uma limitação que não se justifica mais nesse momento em que cultura digital tá aí bagunçando as fronteiras entre autor, leitor, editor, produtor. Lessig disse uma coisa linda: vivemos uma diferente ecologia da criatividade hoje, falando da internet e de seus processos de mixagem. Com a fotografia é a mesma coisa – estamos suplantando paulatinamente esse embate entre produtor e receptor. todos passam a produzir fotografias porque as fotos entraram no nosso cotidiano como a escrita entrou no cotidiano da sociedade moderna ocidental. Todo mundo escreve, mas nem todo mundo escreve do mesmo jeito. é a mesma coisa com a fotografia: todo mundo fotografa, mas nem todo mundo fotografa do mesmo jeito.

  11. Gabi Fiuza disse:

    Meninas,
    Apesar de achar que todo mundo é o que imagina ser, contraditoriamente eu também penso assim:
    sobrancelha designer, é designer? não.
    peladeiro, é jogador de futebol? não.
    blogueiro, é jornalista? não.
    dono de qualquer negócio, é administrador? não.
    então…. fotógrafo de fim de semana, flickr, festa ou instagram (meu caso), é fotógrafo? também não!

    • Colocando nesses termos, acho que fica bem claro mesmo.

      Mas ainda há a problemática de como chamar os que clicam mas não são nem querem profissionais, ou estão aprendendo para tornar-se: fotógrafos casuais, amadores, clicadores, batedores de foto? Sei que é meio picuinha, mas isso fica martelando em minha cabeça!
      Até porque já vi “fotógrafos casuais” fazerem fotos com nível de qualidade profissional, então penso que fica até estranho não considerá-los fotógrafos…

      • Gabi Fiuza disse:

        Você está se torturando demais Alexandre! Chama de fotógrafo mesmo, ué! Todo mundo quem dirige carro não é motorista? Duvido que os “motoristas profissionais” percam o sono por isso.
        :**

  12. Não sei se conhecem (ou se alguém já comentou), há um site com o seguinte nome “[Just because you own a camera] you are not a photographer” (http://youarenotaphotographer.com). É quase uma versão em blog da piada de PC Siqueira, dá pra se divertir. Mas falando sério: o fato da fotografia pertencer ao universo da cultura de massa não é algo a se desprezar. Passamos um século tentando afirmar a fotografia como expressão erudita, mas creio que sua presença forte no universo da arte contemporânea tem muito a ver com o fato de que todos tem uma câmera, de que todos fazem fotografia. Quando os artistas desejam desmontar a idéia de “gênio”, eles recorrem muitas vezes à fotografia, ao super 8, ao vídeo, ao xerox, ao silk, ao grafite… Todas as linguagens que estão no mundo. Priscilla lembrou Rouillé, quando diz que é preciso “ser herdeiro de uma cultura”… Tenho a impressão de que a produção dos amadores está desde sempre e definitivamente enraizada na cultura fotográfica, e essa é uma herança que muitos artistas atuais aprenderam a acolher (esse é o desdobramento da piada do PC, que percebeu bem que lá em NY o pessoal está usando “fotos toscas” em seus editoriais). Mas claro, é preciso separar as coisas: o amador e o artista popular fazem a fotografia que gostam e não precisam de muitas explicações pra isso. Eles têm seu lugar no mundo. O problema é quando algum deles quer assumir rápido demais o status de artista, de profissional. Você tem razão, Priscilla, aí a pose fica quase sempre desengonçada.

  13. bellavalle disse:

    Gente, o debate tá lindo! Tou me deliciando a cada comentário! =)

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