Infelizmente não há muito o que falar sobre este usuário do flickr, além do que suas próprias fotografias, seus títulos e suas legendas dizem. Ambrosoul não tem texto no perfil, não informou seu nome ou naturalidade, não divide seu trabalho em sets ou collections. Tentei achar alguma coisa sobre ele no Google, mas não encontrei nada além do próprio flickr.
Mesmo assim, sem muitos textos, achei válido trazê-lo ao #flickrweek. As fotografias de Ambrosoul são belíssimas e trazem um espírito de origem bastante carregado. Suas imagens são produzidas através de processos químicos utilizados no começo da história da fotografia: ferrotipia (tintype), ambrotipia (ambrotype) e colódio úmido (wet plate collodion negative). Ele também se utiliza de algumas lentes construídas à mão.
O estilo e a composição – que vão além do processo técnico, mas estão diretamente associados a ele – também lembram as fotografias do século XIX. A aura das imagens é pungente, principalmente a dos retratos (alguns me lembram os de Julia Margaret Cameron). As cenas são muito bem pensadas e montadas e possuem uma ironia instigante, além de um toque de elementos surrealistas (como conchas, ossos e balanças).
Na era das tecnologias digitais, não é difícil encontrar adeptos à tendência retrô que utilizam polaroids e compactas de plástico, ou até mesmo piholes, porém, encontrar pessoas trabalhando artesanalmente com processos fotográficos químicos dos mais complexos é raridade. E encontrar alguém fazendo isso com a qualidade que Ambrosoul faz é mais raro ainda.
Se muitos ainda gostam do cheirinho de químico do laboratório que revela cromos, papel fotográfico e rolos de negativos, imagine como deve ser o aroma desconhecido (pelo menos por mim) desses produtos e a textura das lentes manufaturadas?
Infelizmente, o olfato e o tato ficam na imaginação. Mas o sentido de visão que essas imagens nos proporcionam extrapolam seu lugar no nosso imaginário.