Podia ficar olhando pra sempre esta foto de Elliott Erwitt

New York City, 1955 | Elliott Erwitt

New York City, 1955 | Elliott Erwitt

Eu lhe esperei por horas a fio, a fio! Quiça dias… Já não me recordo bem, minha noção de tempo é outra, mas foi por muito, muito tempo. Cada minuto sentido, cada ausência marcada, a ansiedade a me consumir, a tristeza no seu não chegar e, por fim, a decepção nunca superada.

Até hoje não compreendo porque me deixou lá, queria saber por que você não foi. Não quis? Não pôde? Esqueceu? Não houve dia em que não pensasse o que teria sido, se você tivesse aparecido. Esperei-lhe naquela velha estação, voltei para casa sozinha, sentei-me ao lado de uma senhora que tricotava um xale, era cor de rosa e contrastava com o meu cinza.

Ao chegar em casa, lhe escrevi versos amargos: escrevia e jogava fora, escrevia e jogava fora, numa sucessão de dor e raiva. Pensei em te enviar, mas não sabia seu endereço, seu nome, sua idade, sua altura…

Essa fotografia traz uma saudade boa de sentir, a poesia que flui e a imagem que cede espaço para o intervalo de tempo onde esqueço a minha correria e me perco nas possibilidades, a imaginar que histórias ela esconderia. Traz consigo um lapso de memória que já não sei se é minha, se li num livro ou vi num filme… Teço fios que se enredam e no emaranhado perdem sua origem, veio de onde mesmo? Não reconheço, mas aceito como sendo meus, e são!

Eu ficaria, pra sempre, olhando e criando histórias para ela.

A imagem, do grande Elliott Erwitt, me contou essa história, mas e a você? Que história ela conta?

Sobre Maíra Gamarra

Maíra Gamarra é alagoana, com um pé na Bolívia. Turismóloga, fotógrafa (com bacharelado em Fotografia) e produtora. Vive e fotografa por amor, para aprender e conhecer, ter múltiplas experiências e estar em contato com o mundo em toda a sua diversidade.
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3 respostas para Podia ficar olhando pra sempre esta foto de Elliott Erwitt

  1. walter ney disse:

    setefotografia “acalma os sentidos”. parabéns!

  2. Paula Giolito disse:

    essa foto me lembra demais uma do Thiago Barros, mas com um sentido completamente diferente.

    Essa é alguém que olha para fora, e o fotógrafo observa e capta o pensamento, a melancolia da partida… A do Thiago Barros foi tirada a partir da visão dele, que olha para fora e está sentado com os pés pendurados para fora, a foto do thiago passa uma coisa completamente diferente, mostra um caminho incrível pela frente..

    Enfiim, filosofei demais!

  3. Dá esperanças, cria sentido positivo, nega o saudosismo triste. Essa foto potencializa o fazer criação. Cria infinitas idéias entre “o que você é” e “o que irá fazer”. Linda fotografia.

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