
Clemilson Campos
Olhos cansados. Como uma espécie de miopia que vem de dentro, lá do fundo do coração. Desfoca tudo, como se de uma hora para outra não existisse mais sentido nem nitidez. As vezes, os caminhos são tão confusos e tortuosos que nos fazem olhar apenas para o chão. Medo de cair em algum buraco. Medo de tropeçar em alguma pedra. Medo até de andar.
No meu último “Olhando pra sempre…” escrevi um pouco sobre minha necessidade de não olhar nada. Hoje escrevo sobre o desejo de sentidos. Há algumas semanas essa fotografia do querido colega Clemilson Campos, ou Clemis como costumamos chamá-lo na redação do Jornal do Commercio, vem mexendo comigo. Quanto mais olhava, mais cores eu percebia. Como em uma tela pintada com aquarela, se colorindo pouco a pouco, cada nuance ia despertando em mim. Não sabia explicar o porquê mas olhá-la para sempre me confortava. Agora entendo que essa fotografia me fez começar a levantar um pouco os olhos, acalmou os passos. Me fez sentir que o caminho pode ser leve mesmo com buracos e pedras. E a cada passo, menos desfoque, mais vida, mais cores ao meu redor. Pode soar piegas, mas sim, estou em busca do meu arco-íris.
essa foto é tão maravilhosa, né? não sei nem dizer :~
é de uma simplicidade tão forte que dá uma dor no peito, um certo constrangimento mesmo pela mania da gente de tornar tudo tão complexo, tão enfeitado. ver as coisas simples é muito difícil, requer um olhar muito apurado. gostei demais!
Joana, tu acredita que eu estava conversando exatamente isso com Zambrana hoje? Que, à medida que o tempo passa, a gente começa a valorizar demais as coisas mais complexas, as fotografias mais rebuscadas e acaba deixando de lado imagens maravilhosas pela sua aparente simplicidade. Essa imagem de Clemilson me traz uma sensação de proteção tão grande que eu fico besta. Parece que ela insere a gente em outra dimensão. De vez em quando, me vejo querendo estar nesse caminho que ele traça, longe da agonia dolorosa de certas situações, tanto é que semana passada, antes de viajar, eu vim ver essa foto aqui no blog umas três vezes. E, no entanto, sem esse Olhando Pra Sempre de Priscilla, talvez a gente nem viesse a ter essa experiência sensorial. Muito para pensar…
Clemis é um poeta….