Na minha vida fotográfica são várias as dúvidas e problemáticas que insistem e persistem me acompanhando, algumas vezes se mantém quietinhas a ponto de me permitir esquecê-las ou pensar tê-las superado, mas em outras surgem gritando loucamente. Muitas já foram temas de diálogos aqui no blog (sejam meus ou das meninas), dentre elas há essa que vez por outra retorna: “que tipo de fotografia você faz ou quer fazer?”
Esta questão me incomoda especialmente por não ser exatamente uma problemática minha, por que ter suas próprias dúvidas, anseios, questionamentos e angústias internas é absolutamente normal, devemos apenas aprender a lidar com isso. Mas ser “socialmente” pressionada é realmente algo chato. Já me fizeram este questionamento muitas vezes, já o recebi e interpretei de diferentes formas e nunca dei realmente muita bola para isso, mas recentemente me indagaram novamente e resolvi trazê-la para o 7.
A pessoa que me fez a tal pergunta não aceitou bem as minhas respostas, não disse isso claramente, mas estava explícito em seu olhar, ficou com aquela cara de insatisfação e repressão. Não que sejam novidades estes olhares, eles nos acompanham em muitos momentos da vida. Em se tratando de fotografia, quem nunca recebeu esse olhar que atire a primeira pedra.
Mas, voltando ao assunto… Este não é um questionamento particularmente meu. Realmente já tive esta dúvida em algum momento, mas ela perdeu sentido para mim logo cedo. Acho fantástico que existam os fotógrafos especializados, que escolhem uma área específica da fotografia e seguem nela, mas também acho incrível que tenham outros que sejam sempre plurais, que não se definam como fotógrafos disso ou daquilo. Qual o problema em não ter definido uma área e delimitado seu campo de trabalho? Será que nos tornamos menores por isso?
Acredito que há espaço para todos, são ambos necessários e importantes, seus papéis podem ser diferentes mesmo. Há aqueles que por suas próprias razões optam por não delimitar um campo e seguem sendo plurais, abraçando os vários tipos de fotografia e mantendo suas produções com qualidade e diversidade. Quando compreendi isso, essa deixou de ser uma questão minha, abandonei-a. Mas pelo visto ela não me abandonou, já que retorna sempre, como aquela pedrinha no sapato.
Pois bem, a minha dúvida agora é como explicar isso para os curiosos de plantão que ficam insatisfeitos com minhas respostas quando digo simplesmente que sou fotógrafa, faço um pouquinho de tudo e que não sei que área quero seguir, quiçá se vou querer escolher apenas uma algum dia. Ainda estou no comecinho da minha carreira, nada é definitivo, opiniões mudam com o vento e também as certezas se vão com ele.
Me basta, neste momento, saber que escolhi fotografia, que com ela brinco, me divirto, trabalho, ganho meu dinheiro e me coloco no mundo, seja fazendo um retrato, um editorial, publicidade, moda, cobertura social, pauta jornalística ou ensaio documental. Eu não tenho esta ansiedade (por favor, não queiram que eu tenha mais esta, já tenho um montão delas) de descobrir que tipo de fotógrafa vou ser, sou fotógrafa e estou muito feliz com isso, obrigada.