No geral, os fotógrafos brasileiros pouco conhecem da fotografia latino-americana, por isso vejo com tanta alegria iniciativas que parecem querer contribuir para amenizarmos esse hiato. Bons exemplos disso são eventos como o Fórum Latino-Americano de Fotografia, I Encontro Pensamento e Reflexão na Fotografia, Paraty em Foco, FestFotoPoA, a Revista Sueño de La Razón, o volume Fotolivros Latino-Americanos, que chegará às livrarias pela Cosac Naify e, claro, algumas exposições que vez por outra acontecem.
Aos pouquinhos venho trazendo para o blog alguma coisa do pouco que conheço, e tenho buscado ampliar meu repertório. Já fiz alguns #Olhando pra sempre com imagens de um ou outro fotógrafo latino-americano e dessa vez meu #Plataforma também segue essa linha mostrando o trabalho vigoroso de Yolanda Andrade!
Fotógrafa mexicana (1950), nascida em Villahermosa, mas radicada na Cidade do México, onde vive até hoje. Entre 1976-77 estudou no Visual Studies Workshop, Rochester (NY), reconhecido centro não governamental para estudos de fotografia, imagem digital, filme e vídeo. Sempre trabalhando como fotógrafa freelancer, em 1993 começou também a ministrar workshops e aulas de fotografia em escolas, centros e institutos no México, e desde 2011 coordena o primeiro bacharelado em Fotografia de Tabasco.
Foi ganhadora de diversas bolsas e prêmios que lhe permitiram, ao longo desse tempo, continuar seu trabalho autoral de documentação urbana em seu país. Desde 1988 tem sido bem reconhecida e convidada por centros de referência ao redor do mundo para participar de palestras, conferências e discussões sobre fotografia Latino-Americana.
Yolanda é, em suas próprias palavras, “una fotógrafa de la calle”! Esse é o seu grande mote. E seu trabalho bebe da fonte de fotógrafos de rua como Robert Frank muito mais do que de seu mais famoso conterrâneo, o fotógrafo Manuel Alvarez Bravo.
“La Ciudad de México no es sólo la de mi cotidianeidad, sino también la de mi imaginación, la protagonista de obras de ficción y el escenario donde concurren paralelamente diversas historias”.
Ela é, sem dúvida, referência na fotografia contemporânea do México. Por 25 anos retratou a cultura de seu povo em preto e branco, a partir de 2003 começa a utilizar a cor e inaugura uma nova etapa em seu trabalho. Agora ultrapassa os limites da rua, encara as 04 paredes, se arrisca em outros países ( Índia e Paris) e tenta representar como a pintura, o cinema, a TV e outros meios produzem mudanças na cultura mexicana tradicional.
As fotografias incríveis dessa mulher são audaciosas e desconcertantes. Parece que não encontramos nas imagens o que esperaríamos encontrar… Ela quebra estereótipos e, por isso mesmo, causa desconforto. Apresenta um México diferente e inquietante, cheio de vitalidade e incongruências. Da urbe cotidiana recorta pedaços de significação que ganham luz à sua subjetividade, criação e imaginação. É no caos e na bagunça da cidade que se vê a identidade de um povo, do qual Yolanda é testemunha e partícipe.