
Silvana Louzada, Ana Maria Mauad e Milton Guran (Mediador) explicam os projetos do Labhoi e as pesquisas que estão ampliando perspectivas de uso da fotografia como dispositivo de memória no campo da história. | Foto: Ana Lira
No post anterior, eu comecei falando sobre as experiências voltadas tanto para dar suporte a guarda de acervos quanto para movimentar o conteúdo produzido por diversos projetos e instituições, de modo a tornar esse material um ponto de partida para a produção de novas iniciativas. Mostrei as discussões em torno do livro Fotoclubismo no Brasil – O legado da Sociedade Fluminense de Fotografia e o futuro Instituto de Fotografia e Artes Visuais de Canela, que será um centro de estudos e preservação, voltado para guarda de acervos.
O Laboratório de História Oral e Imagem (Labhoi), da Universidade Federal Fluminense, tem uma função diferente e não se propõe a exercer a salvaguardar acervos. Embora trabalhe com a fotografia como dispositivo de memória no campo da história, as pesquisadoras Ana Maria Mauad e Silvana Louzada conhecem bem as limitações do espaço que possuem e guardam apenas as imagens, documentos e entrevistas que são essenciais para o desenvolvimento das pesquisas do Labhoi.
Mauad hoje pesquisa o engajamento como forma de autoria e vem entrevistando diversos repórteres fotográficos e documentaristas que produziram imagens essenciais para a narrativa dos principais momentos históricos do país. Para isso, ela e Silvana Louzada vêm desenvolvendo projetos que se propõem a investigar as perguntas que as imagens suscitam, as lógicas de narração e rememoração associadas a estas fotografias e mapear as informações que essenciais para a construção de uma biografia da imagem.
Deste modo, elas criaram um roteiro detalhado de questões que são usadas nas entrevistas com os fotógrafos e cujos áudios e vídeos são armazenados junto com a documentação associada à imagem. Esse material pode ser acessado por estudiosos de outras regiões e países, desde que seja comprovado o uso para fins de pesquisa acadêmica e publicações afins. O material não é liberado para uso comercial e nem para projetos que se distanciem dos objetivos do programa.
Mauad afirma que os pedidos são estudados pela equipe do Labhoi antes do material ser liberado para consulta, de modo que eles saibam como identificar os desdobramentos do conteúdo. Para conhecer mais o projeto, as linhas de pesquisa e o próprio Laboratório de História Oral e Imagem (Laboi), da Universidade Federal Fluminense, o site é o www.labhoi.uff.br . É possível assistir a vídeos feitos pelos pesquisadores, como Antônio Nery – O Fotógrafo da Bossa Nova – e ter acesso aos diversos eventos promovidos pelo programa.
Plataforma Digital

Entre os livros da Biblioteca do Fest Foto Poa, o público pôde visualizar uma das edições digitais que está em vias de veiculação nas lojas da Apple Store | Foto: Ana Lira
Um dos temas que vem sendo discutidos com muito cuidado, nos últimos dois anos, no Brasil é a memória dos festivais de fotografia. O tema veio à tona mais uma vez este ano no Encontro Norte e Nordeste de Produtores Culturais da Fotografia (Ennefoto), realizado em Belém, em que representantes de diversos festivais fotográficos chamaram atenção para a importância de agregar documentação visual, impressa e de áudio sobre as atividades dos eventos no país.
O Fest Foto Poa tem uma tradição de elaborar seus catálogos após o festival, para que eles possam conter uma síntese do que foi vivenciado no evento junto com produção textual e a memória da programação do evento. Este ano Carlos Carvalho apresentou um projeto que visa reforçar esta iniciativa, criando diversas parcerias. Uma delas foi feita com a Apple Store que será dedicada à elaboração de e-books fotográficos, que serão vendidos pela internet. Um deles pôde ser visualizado em Ipad na Biblioteca do Fest Foto Poa.
A segunda iniciativa é a criação dos catálogos do festival para Ipad, que continuarão trazendo a memória do festival. O site do Fest Foto Poa também será reformulado para servir como ponto de produção de conteúdo entre um festival e outro, agregando temas de interesses dos fotógrafos e norteando ações dos futuros eventos. Esse conteúdo também será disponibilizado em uma revista, cujo lançamento da primeira edição está previsto para 6 de novembro de 2012, quando o festival encerra as atividades com uma exposição de Joseph Kouldelka, no Memorial do Rio Grande do Sul.