Quem me apresentou o trabalho de Gui Mohallem foi Ana Lira, já no primeiro ano deste blog. Lembro que íamos chamá-lo para um 7perguntas, isso foi em 2011, e Ana queria dividir com a gente – principalmente com quem não o conhecia – o que o trabalho de Gui despertava.
Fazer uma pergunta, uma abordagem de um trabalho de um fotógrafo que você não conhece muito exige uma pesquisa muito delicada, pra que essa interação não seja tão artificial – simplesmente uma pergunta que pode ser feita a um fotógrafo qualquer e uma resposta que pode ser dada a qualquer pergunta. Mas é justamente essa pesquisa, esse contato com o novo, um dos aspectos mais significativos da existência desse blog porque é desses encontros que surgem os rumos mais interessantes no percurso de cada uma de nós.
Lembro que, quando vi o resultado da entrevista, todo o encantamento que eu senti no primeiro contato com o trabalho dele fez muito sentido. E isso foi se desenvolvendo ao longo das demais participações de Gui no 7. Ele já esteve em um Olhando Pra Sempre de Val em 2011, em um Plataforma de Ana Lira em 2012 e no vídeo do post inaugural do Autografia. Nesse vídeo, acho que Gui consegue resumir um pouco como a fotografia que ele faz é visceral.
– O que você gosta de fotografar?
– Fotografar não tem a ver com gostar, né? Eu não gosto de fotografar. A fotografia acontece quando tem que acontecer. É uma urgência.
Diante de toda a presença marcante que o trabalho de Gui tem na trajetória do 7, nada mais natural do que essa parceria se estender agora para além dos textos. Foi daí que resolvemos trazê-lo para o Recife, para lançar o seu livro “Welcome Home” e para ministrar o seu Workshop mais recente, “Desconstruindo a luz: experimentação e prática”, que esteve no último Paraty em Foco. Para isso, contamos também com as parcerias da Livraria Cultura e do Estúdio Clicka.
Mineiro morador de São Paulo, Gui Mohallem é um dos principais nomes da fotografia contemporânea brasileira. Tem um trabalho longo de pesquisa sobre luz e cor na fotografia, com uma técnica pessoal de uso da cor na produção de suas imagens. No workshop que traz ao Recife, a busca é transgredir a luz com a intenção de explorá-la como um componente estético.
A oficina reúne os melhores exercícios desenvolvidos por ele durante os três anos em que trabalhou como educador. São atividades voltadas à teoria das cores e a experimentações com luz e cor utilizando equipamentos de iluminação de cinema. “O objetivo principal, diz ele, é proporcionar ao aluno a experiência de trabalhar com a luz como parte integrante e fundamental do caminho para a compreensão da cor, admitindo que tal domínio adquirido possibilita a criação de uma estética própria e consciente”.
Essa estética própria é uma marca do trabalho de Gui, que tem firmado o seu nome no cenário da expressão fotográfica brasileira, desenvolvendo projetos que abordam temas como a loucura, o abandono, o acolhimento, discutidos em referência à noção de pertencimento.
O curso, que já está com inscrições abertas, tem circulado em vários estados do país, sempre em parcerias com galerias, universidades, centros técnicos de ensino e festivais que valorizem a fotografia como meio de expressão artística. Aqui no Recife, será realizado no Estúdio Clicka.
O público-alvo é formado por fotógrafos, profissionais ou amadores, artistas visuais, cineastas, estudantes de fotografia/artes visuais/cinema e demais interessados que tenham formação técnica básica na área de fotografia. O investimento no curso é de R$370 à vista (mediante depósito em conta corrente), ou R$400 (dividido em até 3x). Os interessados devem mandar e-mail para a gente (rápido, porque as inscrições já estão rolando): setefotografia@gmail.com. O curso, com carga horária de 8h, será realizado no domingo, dia 14 de abril de 2013, de 8h30 às 18h (com intervalo pra almoço).
Já o lançamento do livro Welcome Home acontecerá na Livraria Cultura do Paço Alfândega, no sábado, 13 de abril, às 19h. Um dos seus projetos de maior repercussão, em Welcome Home, Gui Mohallem elabora uma leitura pessoal de temas como acolhimento e abandono. O ensaio surgiu durante a sua convivência com as pessoas que participavam da celebração do Beltane, em um santuário localizado no estado do Tennessee, nos Estados Unidos. A celebração do Beltane remonta aos cerimoniais celtas em homenagem aos ciclos naturais, à fertilidade e à união das energias masculinas e femininas, que proporcionavam o renascimento. Os festivais atuais, no entanto, celebram o reencontro com a vida agregando, uma necessidade de vivência mais harmônica com a sensualidade e a sexualidade humana. No dia do lançamento, teremos uma conversa com Gui, no auditório da Livraria. Além do momento de debate, abriremos espaço para perguntas dos leitores do blog, enviadas por email (novamente, setefotografia@gmail.com). Serão selecionadas duas perguntas dos leitores e deixaremos o espaço aberto para quem se interessar por perguntar lá na hora.
Biografia – Graduado em Cinema e Vídeo pela ECA/USP. No final de 2008 fez sua primeira exposição individual, com o “Ensaio Para a Loucura”, em Nova York. De volta a São Paulo, participou do Paraty em Foco 2009/2011 e de exposições nas galerias Olido, Babel, Baró Cruz e Emma Thomas. Em 2011, foi convidado a participar do programa “Descubrimientos”, do Photoespaña, e ganhou o 2º lugar no prêmio Conrado Wessel. Em 2012, participou de um programa de residência artística de 6 semanas em Beirute, no Líbano. Seus temas fotográficos surgem de vivências pessoais. Tem desenvolvido pesquisas sobre o abandono, acolhimento e outras questões que evoquem o tema do pertencimento do indivíduo e os ambientes ao seu redor.
SERVIÇO:
Workshop “Desconstruindo a luz: experimentação e prática”, com Gui Mohallem;
INSCRIÇÕES ABERTAS
14 de abril, das 8h às 18h – Estúdio Clicka (Rua do Apolo, 107, 2o andar)
Carga horária: 8h
Investimento: R$370 à vista (mediante depósito em conta corrente), ou R$400 (dividido em até 3x)
Lançamento do Welcome Home, com Gui Mohallem
13 de abril, às 19h, Livraria Cultura do Paço Alfândega (Rua Madre de Deus, s/n)
Entrada Franca