Narrativas Digitais, uma entrevista com o Coletivo Garapa

O Coletivo Garapa está em Recife desde terça-feira ministrando o workshop Narrativas Digitais, na Caixa Cultural. Nesta quinta (12/9) o Coletivo conversa com o público sobre os processos de criação em torno dessas narrativas, em uma palestra, aberta ao público, às 19h, Caixa Cultural. Para participar, basta chegar uma hora antes e retirar o ingresso. Mas cheguem cedo que o número de vagas é limitado.

O 7 é um dos parceiros da Garapa nessa temporada aqui em Recife, e aproveitamos para fazermos algumas perguntinhas para já irmos entrando no clima de hoje a noite. Fiquem com a nossa entrevista e até mais tarde.

Garapa

Garapa

O nome do workshop “Narrativas Digitais” é um nome muito amplo, principalmente, no contexto que vivemos hoje de amplitude da imagem fotográfica, da linguagem digital. O que vocês consideram como narrativas digitais? Quais as particularidades dessas narrativas?

Um nome carrega uma série de significados, e a maioria deles foge ao controle de quem nomeia. Assim, optamos por um nome amplo para que as interpretações não restrinjam tanto o espectro que queremos discutir. Já faz algum tempo que percebemos que a nossa pesquisa tem como foco principal a discussão da narrativa (em oposição, por exemplo, a pensar o status da fotografia), e isso nos permite abrir o leque de instrumentos e mídias com os quais trabalhamos. Na oficina, o desafio que colocamos é o de contar uma história a partir da associação de diversos elementos: fotografia, texto, vídeo, som, material de arquivo etc. Tudo isso é feito em um suporte físico (um mural de papel) que será futuramente transposto para a web. O “digital” entra, assim, mais como pano de fundo de um processo criativo coletivo do que um determinante técnico.

Em 2011, entrevistamos vocês sobre o projeto Morar, falamos de crowdfunding, criação coletiva… Hoje, dois anos depois, a impressão que temos é que a Garapa está num processo ainda mais experimental. O que mudou na Garapa nos últimos dois anos?

Em um processo de criação contínuo, é natural que alguns temas se sedimentem e sirvam como base para novos debates. De dois anos para cá, acredito que nossa pesquisa tenha consolidado alguns processos, como a experiência coletiva, que já é intrínseca ao nosso modo de produzir. Tanto é que nossos projetos mais recentes (o livro Mulheres Centrais e os ensaios A Margem e Calma) foram todos feitos a partir de parcerias. Além disso, vejo que houve o amadurecimento de algumas discussões e interesses, como por exemplo a questão da narrativa documental (e o tensionamento dos seus limites), que é hoje o nosso tema principal.

Edificio Mercurio e Sao Vito visto do Banespa. Morar 2011. | Garapa

Edificio Mercurio e Sao Vito visto do Banespa. Morar 2011. | Garapa

A Margem | Garapa

A Margem | Garapa

A Garapa é ainda um coletivo fotográfico? Essas definições importam?

Desde o nascimento da Garapa, já paramos algumas vezes pra reescrever essa definição, e essas mudanças no fim refletem o nosso próprio processo de criação. A conclusão mais recente é a de que somos um espaço de criação coletiva, dedicado a pensar e produzir narrativas visuais, integrando múltiplos formatos e imagens, pensando a imagem e a linguagem documental como campos híbridos de atuação. Até quando ela vai durar não temos como dizer.

Como vocês lidam como coletivo com esse momento de ensino, de troca de um conhecimento, de influência nos caminhos de outras pessoas?

Como falei na primeira resposta, a experiência da criação em grupo é intrínseca ao nosso trabalho, e nasce necessariamente da troca e do debate. Por isso, desde o começo da Garapa, fazemos questão de que o coletivo extrapole suas próprias fronteiras, levando essa experiência a outros grupos e espaços. Vemos as oficinas mais como ambientes de colaboração do que de ensino. Não esperamos que os participantes acumulem conhecimento técnico, mas que saiam com a sensação de que construíram um processo.

A fotografia se ensina?

Enquanto técnica, talvez, mas essa é cada vez mais coadjuvante se pensarmos a fotografia como construção de um discurso pessoal (ou coletivo). É o discurso e a reflexão que devem demandar a técnica, e não o contrário. Enquanto linguagem, acredito que o aprendizado mais importante esteja ligado à construção de uma bagagem sólida de referências estéticas, teóricas, culturais, históricas etc. Construir um trabalho a partir dessa bagagem é que é o grande desafio, mas esse é pessoal e intransferível.

Sobre 7 Fotografia

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Uma resposta para Narrativas Digitais, uma entrevista com o Coletivo Garapa

  1. Massa a entrevista, massa a oficina. Esses meninos do Coletivo Garapa são competentes e muito criativos.

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