Esta fotografia de Stefan Schmeling é um presente contínuo. Um momento que não reverberaria em passado por continuar latejando nos meus olhos vivamente. Se uma imagem pode deixar espaços para serem ocupados, eu tenho transitado por esta foto livremente há uns dois anos, aproveitando as camadas de sombras para me deslocar entre suas sutilezas, sem ser notada.
É dentro delas que roteirizo cidades que gostaria de criar: trânsitos que não me sufocam; silêncios despidos de medo; espaços públicos que respiram intensamente, mesmo entre vazios. O meu ideal de urbanidade brinca de roda nos cenários e estruturas captadas por Schmeling. Em meio às suas poucas luzes, uso minhas câmeras internas para descobrir outras formas de rever lugares para os quais estou sempre olhando…olhando…olhando.
É um privilégio ter uma imagem-gerúndio por perto…
Principalmente se ela for como esta, que não transforma movimentos contínuos em inércia e oferece, nos momentos mais incisivos, possibilidades de ruptura para a elaboração de novos ciclos.
Ana, maravilhoso teu texto. Eu fico sempre curioso para saber a motivação, o que atrai alguém a “olhar para sempre” uma obra, e tua explanação, um lindo poema literário a partir de um poema visual, só cria mais expectativa para o próximo.
Abraços,
Marcão
Seu belo texto-poema, resultado da imagem, objeto de sua inspiracao, eleva e espairece meu
espirito…sao lindas suas palavras, nos dando uma vontade de que nao acabe,
Marcão e Ivone, obrigada pelas mensagens. Essa foto de Stefan Schmeling é muito importante para mim. Eu a vi pela primeira vez em um momento-chave da minha vida e não sei nem se consegui dar conta de tudo o que ela representa neste pequeno texto. Ele foi feito com muito cuidado porque a poesia da imagem merece. Um cheiro!
Em tempos de reflexões e direitos-urbanos nada melhor pra afetar, movimentar idéias e chacoalhar o cocão. Salve a poesia!!
Grato por tudo.