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Introdução
A Fotografia no Limite do Fotografia é um workshop que visa o estudo, a pesquisa e a prática experimental da fotografia com o objetivo de explorar os seus limites atuais em diferentes frentes. O orientador atua ora como provocador, propondo temas relevantes e repertórios pertinentes, ora como orientador de pesquisa, indicando caminhos, métodos e bibliografia ou ainda como condutor de processo criativo, acompanhando as etapas de desdobramento de uma ideia em um projeto que possa se materializar como experiência.
Programa
Repertório e história – pensar os limites
A fotografia é uma técnica
A fotografia é uma linguagem
A fotografia não é mais fotografia
A fotografia não é mais só
Projetar a fotografia possível – empurrar os limites
Domar o aparelho
Produzir sentido
Saciar o desejo da imaginação
Trafegar no excesso
Orientador
Fernando Schmitt é fotógrafo e professor do ensino superior. Natural de Porto Alegre, está radicado em São Paulo desde o início de 2010. Graduado em jornalismo pela UFRGS em 1994 e Mestre em Comunicação pela PUCRS em 1999. Ensina fotografia desde 1995 e trabalhou na Faculdade Panamericana de Arte e Design/SP, UNISINOS, PUCRS, UFRGS e ESPM-RS.
Sua Instalação Sobre Vagalumes e Alvenarias fez parte da programação da IV Mostra São Paulo de Fotografia, 2013. Teve seu trabalho selecionado no III Prémio Diário Contemporâneo de Fotografia – Memórias da Imagem, Belém do Pará, 2012. Participou do VII Paraty em Foco em 2011 com a instalação Coisas Vazias e mostrou o trabalho 17 Dinheiros no IV Festival Internacional de Fotografia de Porto Alegre em 2010.
Foi curador nas exposições Fábulas Contínuas de Leo Caobelli e Diego Vidart, trabalho contemplado com o Prêmio Funarte Marc Ferrez de Fotografia 2012, e Cultivar o Jardim de Ana Rodrigues. Exposição integrante do FotoRio 2013. Centro Municipal de Arte Helio Oiticica, Rio de Janeiro, a inaugurar em agosto de 2013. É membro do Conselho Curador do Festival Internacional de Fotografia de Porto Alegre – FestFotoPoA desde 2012. Faz parte do grupo de fotógrafos gaúchos Baita Profissional. Possui trabalhos nas coleções e acervos particulares do Museu de Arte Contemporânea RS, Joaquim Paiva, Rubens Fernandes Jr. e Orlando Azevedo.
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Confira também:
Convocatória para Leitura de Portfólio Mesa7 2013
Convocatória para Projeção Mesa7 2013
Na última quarta-feira foi o dia da Consciência Negra e nada mais pertinente para olhando pra sempre de hoje do que falar sobre o Candomblé.
Ainda ontem, assistindo um programa na televisão, ouvi uma escritora falar de uma lei dos tempos do império que dizia sobre os negros da província. Caso eles quisessem exercer uma função de destaque na sociedade, era necessário pedir uma dispensa pela falta da cor, ou seja, pedir ao imperador uma declaração que os permitisse trabalhar em alguma função importante apesar de serem negros.
Aceitar que vivemos numa sociedade racista é muito indigesto.
Por isso, falar sobre o ministro Joaquim Barbosa também se faz importante. Não é meu objetivo aqui polemizar sobre o caráter dele, mas gostaria de chamar a atenção que o fato dele ser negro aparece antes de qualquer coisa, ora como um exemplo, ora como insolência, porque ainda hoje, as entrelinhas nos falam da audácia dos negros em “serem gente”.
Trago todas essas questões primeiro por ser negra, e sonhar com o dia em que as pessoas não serão separadas por raça, e depois porque a foto de hoje fez parte de um trabalho cheio de polêmica.
Em 1951, a revista O Cruzeiro publicou uma reportagem intitulada As noivas dos deuses sanguinários, em resposta a uma outra matéria da Paris Match cujo título era Les Possédées de Bahia, ambas sobre a religião de matriz africana no estado baiano.
Segundo o livro Candomblé, publicado pelo IMS, a reportagem francesa foi sensacionalista e preconceituosa, despertando forte reação entre alguns estudiosos do Candomblé, enquanto a da revista brasileira foi um sucesso de público, mesmo provocando reações adversas entre os estudiosos da religião.
Não vou aqui me aprofundar nessas questões, para quem quiser saber mais há um livro chamado Imagens do Sagrado, de Fernando de Tacca, que fala sobre essa querela.
Quero dizer das minhas impressões, de mulher negra e curiosa sobre o povo de santo. Enquanto via o livro do IMS, que são as imagens feitas por José Medeiros para O Cruzeiro, fiquei me perguntando onde está a voz do povo dos terreiros? Onde está a voz do povo negro? Tive a sensação muito clara de que o livro foi feito por brancos e para brancos.
Se você nunca viveu na pele o racismo, faça uma pausa agora e leia o texto de Luh de Souza e Francisco Antero publicado no site Pragmatismo Político.
Fiquei me perguntando porque usar apenas a autoridade de um branco, o francês Roger Bastide, grande pesquisador do Candomblé, para falar sobre a polêmica gerada pelas as fotos sobre os rituais de iniciação? Por que falar apenas das sanções sofridas pelo terreiro, pela mãe de santo e pelas moças iniciadas?
Mas por hora, deixemos as polêmicas de lado e olhemos para as fotografias.
As fotos de Medeiros falam por si e para mim elas dão voz a uma tradição, a uma raça, a um povo, a uma religião. Falam de rituais, de escolhas, de amor, de sangue, dos deuses que honram os humanos ao habitar seus corpos. Falam de uma maneira de celebrar a vida através da dança, da música, das comidas, das folhas e da oração. Falam também do racismo, do preconceito para com as religiões de matriz africana, da escravidão (e aqui não posso deixar de pensar nas pessoas que se comovem mais com o holocausto do que com o genocídio sofrido pelos negros durante o período de escravidão).
Por tudo isso, posso olhar para sempre para todas as imagens desse trabalho e entender o quanto a fotografia pode ser usada da forma que as pessoas acharem mais adequada.
Àse!
Nesta semana, publicamos o Autografia da fotojornalista, pesquisadora e professora de fotografia Juliana Leitão. Boa leitura!
O que você fotografa?
Depois que saí do jornal, oito anos fotografando direto, dei um tempo na fotografia prática. Passei a ir atrás de conceitos, autores, textos, debates sobre fotografia, isso é o que tem me estimulado ultimamente. Então hoje fotografo minha família, meus amigos, as vezes alguns trabalhos documentais que continuo fazendo sobre pesca artesanal, para não sair totalmente da vivência prática da profissão, além de freelas que aparecem eventualmente.
O que você gosta de fotografar?
A atividade de fotojornalismo nos leva a tantos lugares, tantas viagens a conhecer diferentes pessoas, que é possível ter uma visão panorâmica do que a fotografia oferece e o que nos estimula. Então, posso dizer que gosto dos grandes eventos como a festa de rua do Carnaval, gosto também da cidade, da correria, de fazer imagens como se estivesse observando o mundo acontecer, as pessoas passando de lá para cá e gosto das luzes, das águas, das chuvas e de sombrinhas. Sombrinha é algo que por motivo algum detectável me encanta, tenho fotos de todos os tipos e cores, em Recife, em São Paulo, em Manari, no Carnaval, dia de chuva e de sol…
E tenho fotografado um certo tipo de imagens: são reflexos, dias nublados, sombrinhas e outros assuntos, nada específico ou possível de colocar em alguma categoria. Acho que uma certa melancolia me atrai. Luzes que teimam em invadir a imagem também me chamam a atenção flare, shafts of light, contraluz…
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Juliana Leitão, é fotógrafa e pesquisadora da linha de pesquisa: Mídia, Linguagens e Processos Sociopolíticos no programa de Pós Graduação em Comunicação da Universidade Federal de Pernambuco – com o projeto: Fotojornalismo e questões contemporâneas (2012-2016). Membro do Grupo de Pesquisa Jornalismo e Contemporaneidade e coordenadora do Bacharelado em Fotografia das Faculdades Integradas Barros Melo, Aeso Ensino Superior de Olinda.
O 7 está preparando com todo o carinho o próximo Mesa7, evento organizado pelo próprio coletivo em Recife, que será realizado agora em dezembro. Uma das novidades deste ano é que estaremos promovendo, dentro das atividades, uma Leitura de Portfólio. As integrantes do 7, Bella Valle, Joana Pires, Maíra Gamarra e Pri Buhr estarão fazendo as leituras, conversando, trocando ideias e construindo pensamentos e caminhos juntos com os interessados em participar dessa experiência, que antes de qualquer coisa, acreditamos que deve ser construtiva e iluminadora!
O pesquisador e professor Ronaldo Entler postou recentemente, no blog Icônica, um texto maravilhoso sobre leituras de portfólios (vale muito dar uma conferida). Nele, Entler aponta alguns caminhos que podem fazer uma leitura ser mais produtiva:
(…) assumir a leitura como intervenção num processo; dar ao artista a liberdade de levar trabalhos menos acabados – quem sabe, apenas começados, na forma de esboços, de ideias, de textos – e, em contrapartida, mais contextualizados em sua trajetória; dar ao crítico oportunidade de ter previamente informações sobre o trabalho que verá, e permitir que ele contribua mais com perguntas e referências que se assumem como provisórias, e menos com vereditos. Tudo isso pode libertar a noção de portfólio dos vícios de sua tradição. (…)
Destacamos esses caminhos porque acreditamos que uma leitura de portfólio mais aberta, onde o que interessa é a interação entre crítico e artista e não um julgamento ou atestado, seja muito mais interessante para ambos os lados, e é isso o que pretendemos oferecer para vocês: 45 minutos de conversa e construção coletiva de pensamentos.
Assim, pensando em uma leitura de portfólio mais ampla, o interessado pode enviar trabalhos (sem quantidade mínima ou máxima de fotografias) completos ou processo de produção, como também textos, ideias, e/ou o que seja interessante para ele conversar a respeito, ouvir outras opiniões e perspectivas. O inscrito não precisa necessariamente mandar fotografias para a leitura, caso o trabalho ainda esteja em processo de concepção, basta mandar para gente um texto sobre o projeto que deseja debater.
Lembrando que cada participante terá 45 minutos para a leitura e que cabe a ele avaliar que material enviar e como melhor utilizar esse tempo.
REGULAMENTO
Esta convocatória tem por objetivo selecionar trabalhos fotográficos para leituras de portfólios que serão realizadas durante a 3ª edição do evento Mesa7, que ocorrerá em dezembro, na cidade do Recife.
Os interessados deverão preencher a FICHA DE INSCRIÇÃO com todos os dados solicitados.
Os interessados deverão indicar na ficha de inscrição, por ordem de preferência, numerando de 1 a 4, com quem deseja fazer a leitura de portfólio. Caso o leitor indicado como prioridade já esteja com a quantidade de leituras completas a leitura será encaminhada para o próximo leitor indicado e assim, sucessivamente.
Poderão participar desta convocatória fotógrafos brasileiros e estrangeiros, que residam ou estejam na cidade de Recife/PE na data do evento.
Só serão aceitos trabalhos enviados compactados em link do 4shared http://www.4shared.com/ e anexados na ficha de inscrição.
As fotografias deverão ser salvas em formato JPEG, com resolução máxima de 1024 pixels no lado maior da imagem.
As inscrições serão realizadas única e exclusivamente através do e-mail: setefotografia@gmail.com
O ato de inscrição e envio de material consistirá automaticamente na concordância dos termos desta convocatória, o que implica a autorização do uso das imagens para divulgação em mídia impressa ou eletrônica, exclusivamente para divulgação do evento.
Ao se inscrever o candidato declara a plena autoria e responsabilidade pelas imagens enviadas, responsabilizando-se assim pela obra e por eventuais reivindicações de terceiros quanto aos direitos autorais e/ou uso de imagem.
CRONOGRAMA
Inscrições: de 14 de novembro a 06 de dezembro (23h59m)
Resultado: o resultado será divulgado no blog do 7Fotografia e os selecionados serão comunicados por e-mail.
Informações: setefotografia@gmail.com
Facebook: http://www.facebook.com/setefotografia
Tenho me perguntado qual papel da educação no nosso mundo contemporâneo. E indo mais fundo nas respostas, ou nas perguntas, fico a querer saber se a educação consegue atender às nossas necessidades enquanto seres humanos. As necessidades mais básicas, como aprender a se relacionar com o outro, com a gente mesmo, com nossas emoções, nossa cultura.
Para começar, indico um filme chamado Escolarizando o Mundo. O último fardo do homem branco, um documentário de Carol Black sobre as consequências das políticas de escolarização para populações nativas de várias partes do mundo.
[youtube http://www.youtube.com/watch?v=6t_HN95-Urs]Esse filme, junto com uma entrevista da Ana Thomaz, já postada aqui no blog, me fizeram repensar sobre o lugar da escola, a escola dentro de mim e no meu papel enquanto educadora.
Ana Thomaz fala, entre tantas coisas interessantes, da necessidade de tirarmos a escola da gente. Essa escola que nos formata, nos ensina a sermos pessoas submissas, obedientes ao sistema e toda essa conversa que a gente já sabe. Mas a grande diferença no discurso dela é não ir contra essa escola que existe em nós, mas falar da possibilidade de criarmos uma nova cultura. Inventarmos um outro caminho para nós mesmos.
E o que tem a fotografia a ver com isso tudo? Vou explicar através de uma experiência muito pessoal. Há algumas semanas eu precisava apresentar um ensaio fotográfico numa aula. Imagina só, uma turma cheia de excelentes fotógrafos e com um professor que eu bem admiro. Eu tremi! Passei dias numa intensa conversa comigo mesma: e se ninguém gostar? eu tô insegura, meu trabalho não é bom, ai, e essa edição? a impressão ficou ruim, deu tudo errado. Socorro!!!
E foi durante esse diálogo interno que me deparei com os vídeos e comecei a me colocar num outro lugar. (Acho que vocês já perceberam que esse texto vai fazer mais sentido se vocês os assistirem!) Me dei conta que eu vivia uma situação de ameaça e que era isso que me continha. A ameaça me dominava e eu não conseguia deixar fluir o meu processo criativo. É claro que o pensamento mais comum era sobre a minha insegurança, mesmo que eu tivesse a clareza de que se expor é sempre algo delicado. E refletindo sobre as coisas que me diziam os vídeos, fui tentando entender o que eu estava sentindo e como aquela situação, que me ameaçava, atrapalhava meu aprendizado. Também pensei numa certa obrigação que temos de ser artista se a fotografia faz parte da nossa vida, profissionalmente ou não. Revi o significado da arte para mim e refleti sobre como nosso conceito de educação pode ajudar ou atrapalhar o nosso caminho.
Para Fayga Ostrower o homem cria não apenas porque quer, ou porque gosta, e sim porque precisa; ele só pode crescer enquanto ser humano, coerentemente, ordenando, dando forma, criando. E agora eu pergunto: qual o seu papel no seu próprio aprendizado, como a fotografia pode ajudar ou atrapalhar nossos processos criativos? Diante de tudo isso, me vi numa angústia que misturava meus caminhos pessoais com minha pesquisa acadêmica. E passei a me observar, a ter calma para perceber o que era meu e o que era desse sistema que insiste em nos classificar o tempo inteiro.
Ainda não sei definir muito bem o que é uma educação para fotografia, mas começo a pensar que é uma relação entre o fotógrafo e a câmera, entre o fotógrafo e a imagem, sem considerar a história de vida de cada um, sem particularizar cada processo. Como se nós fôssemos aplicando formulas alheias a nós mesmos. E ao me deparar com a obrigação de ser artista (quem foi mesmo que me disse que eu precisava ser uma?) e que nem eu mesma sei se de fato é meu desejo, resolvi sentar com a fotografia para conversar, como faço tantas vezes.
Abri o computador e escolhi as imagens que me eram mais significativas neste meu momento de vida. Imaginei um fio condutor que contasse o que eu mais queria dizer com aquelas fotos. Despi toda a pretensão que eu tinha, todo o mistério que insisto em guardar aqui e dentro e fui lá imprimir minhas imagens. E esqueci por uns dias.
Hoje as coloquei sobre a mesa e pude contar suas histórias e ouvir uma generosa palavra que desvendou o trabalho para mim. Lembrei do Cláudio Feijó dizendo que a fotografia é um substrato e como tal é preciso coloca-la pra fora. Sabe o que é engraçado? Quando tirei a fotografia do pedestal que eu a havia colocado, ela se mostrou inteira. E me fez ver que não é ela que deve estar no centro da aprendizagem, mas servir apenas como uma ponte. Talvez, o caminho mais interessante para se aprender fotografia seja o da leitura do mundo, tão ao sabor do mestre Paulo Freire.
Por Chico Peixoto*
A nudez como sinônimo de liberdade e autoconhecimento desde sempre inspira pessoas a desenvolver intervenções que de alguma forma contribuam para quebrar paradigmas e passar a mensagem adiante. No caso específico dos padrões de beleza, trabalhos como The Nu Project, do norte-americano Matt Blum; Apartamento 302, retratado por Jorge Bispo; e as Desnudas de Cléo Santana são exemplos que enriquecem a discussão, criticando a estética ideal das capas de revista e outdoors, e valorizando tudo aquilo que as mulheres são induzidas a ignorar ou repudiar graças ao bombardeio psicológico da industria da moda e dos cosméticos.
Em meio a essas e outras iniciativas do gênero o projeto X REAL, desenvolvido pela curitibana Camila Cornelsen, de certa forma chama atenção. Não exatamente pelo discurso, mas sim pelo modo como ele é propagado, a começar pelo conteúdo multimídia: além de fotografias a autora cria GIFs, produz vídeos, transcreve depoimentos, incentiva autorretratos e lista músicas sugeridas pelas modelos. Essa “salada” de suportes naturalmente proporciona diferentes experiências e permite uma percepção mais completa da pessoa apresentada.
X REAL | Marília e Tainá Barrionuevo
O trabalho é descrito como “um blog extremamente pessoal” e relata que é parte importante do processo as modelos serem familiarizadas com as locações; os ensaios terem boa dose espontaneidade; as fotos serem publicadas mediante aprovação; o diálogo estar sempre presente. Um olhar mais atento, porém, entende que a exposição não é somente das mulheres à frente da lente. O X REAL é bastante íntimo também para Camila, que se reserva ao direito de não publicar o material caso as fotos autorizadas não lhe agradem; realizar ensaios somente quando a agenda corrida permite; incluir música, vídeos, gatos e estilo vintage ao projeto. Como seu portfolio profissional e um artigo escrito por ela sugerem, o que uma fotógrafa filha de fotógrafo, amante do digital e do analógico, incomodada com os atuais padrões femininos, vocalista e tecladista de uma banda de indie rock e dona de um felino peludo chamado bolinha poderia querer? Por razões óbvias, retratar o verdadeiro universo feminino para a Camila é retratar o próprio universo.
OK, todo ato fotográfico interfere, em maior ou menor nível, na consciência de fotógrafo e fotografado, e essa interferência tende a ser mais clara na medida em que as duas partes aumentam seu nível de interação, conhecem um ao outro. Em muitos projetos que abordam o nu como instrumento de autoafirmação (na verdade, em quase todo projeto fotográfico) as atenções se voltam para o fotografado – ele e apenas ele é trabalho como “objeto da experiência”. Em outros projetos do gênero, no entanto, o fotógrafo, conscientemente ou não, põe-se como outra parte evidente do processo; ele quer ser posto à prova, fazer-se presente de alguma forma, quer sentir na pele a experiência. Acredito que o X REAL pertence a esse segundo grupo.
*Chico Peixoto é formado em Jornalismo e pós-graduado em Fotografia Digital. Atua profissionalmente com fotografia desde 2006, após experiências com produção de textos para assessoria de imprensa. Em 2011 ingressou no LeiaJá.com como repórter fotográfico e hoje exerce a função de subeditor de imagem do portal de notícias, sem abandonar o trabalho de rua. Acredita que fotografia é, sobretudo, propósito.
Imagens selecionadas na convocatória de 2012. Créditos no sentido horário (começando da esquerda superior): Larissa Pinho Alves | Luciana Freire | Juliana Nakatani | Mateus Sá
O 7Fotografia abre a convocatória para seleção de trabalhos fotográficos, em vídeo e multimídia, para projeção no Mesa7, evento organizado pelo próprio coletivo na cidade do Recife/PE, que este ano se realizará em dezembro.
REGULAMENTO
Esta convocatória tem por objetivo selecionar 10 trabalhos fotográficos para serem exibidos em Projeção durante a 3ª edição do evento Mesa7, que ocorrerá em dezembro, na cidade do Recife. Os trabalhos apresentados serão analisados e selecionados pelo coletivo 7Fotografia.
CRONOGRAMA
Inscrições: de 05 de novembro a 04 de dezembro (23h59m)
Resultado: o resultado será divulgado no blog do 7Fotografia e os selecionados serão comunicados por e-mail.
Informações: setefotografia@gmail.com
Facebook: http://www.facebook.com/setefotografia
Quem responde às perguntas do Autografia desta semana é Jul Sousa, artista visual brasiliense que vive em Maceió-AL.
O que você fotografa?
Passei muito tempo pensando o que responder, tentando me [re]descobrir e procurando “acertar” a resposta. Poderia responder que eu fotografo o que vejo, mas seria muito óbvio. Posso dizer que fotografo corpos, mas isso seria a resposta da próxima pergunta. Então, como admiradora de Bavcar (ele é fotógrafo e deficiente visual), acredito no sentir das coisas, não que eu precise tocá-las como Bavcar para isso. Mas creio num sentir na forma de pôr para fora imagens e emoções interiores. Fotografando, tento sentir o que se passa na atmosfera das coisas, desejar as paisagens, pessoas, para daí, então, provocar meus sentidos e tentar comunicar-me com os outros e comigo mesma, afinal, estou a me [re]descobrir e, como diria Bavcar: é preciso tentar existir por si mesmo.
O que você gosta de fotografar?
Além de fotografar o que sinto, três vertentes me chamam a atenção. Gosto de fotografar o abstrato — para fugir um pouco dessa coisa chata do mundo, o minimalismo que sempre me conduziu nas artes visuais e algo que eu gostaria de viver com mais frequência, algo que me cabe como um pulverizador do desconforto social — o nu. Seja erótico ou orgânico, quando fotografo corpos que vejo, a transparência somática liberta de qualquer “prisão”, isso me envolve de tal forma que, ao ver essa sinceridade desnuda no outro, acabo por me libertar também.
É como se essa “ausência de limites” entre mim e outra pessoa transcendesse o pensamento e eu pudesse apreciar e vivenciar (às vezes até mostrar) aquilo sem me preocupar com uma sociedade incomodada, que na maior parte das vezes associa a nudez ao prazer sexual. Inconscientemente ou conscientemente mesmo, acabo fundindo essas três vertentes em um só “corpo”.
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Jul Sousa é artista visual, nasceu em Brasília e reside em Maceió. Graduada em Comunicação Social, autora da exposição individual intitulada Febre, releitura da obra Fantasia e avesso, da escritora Arriete Vilela. Participou da Mostra de Trabalhos fotográficos durante o V Theoria, com videoarte Febre. Integra o Coletivo Vê, onde trabalha com imagens e iniciativas de difusão de conhecimento em artes visuais.