Diário de Bordo – Fest Foto PoA 2011 – Quantos palmos medem o abraço do FestFotoPoA?


Foto Ana Lira

Na primeira mesa do dia João Roberto Ripper e João Kulcsár discorreram sobre a fotografia como interface da comunicação entre expressão pessoal e inclusão social. Ripper nos contou sua experiência com a Escola de Fotógrafos Populares, no complexo de favelas da Maré, no Rio de Janeiro, e repetiu, muitas vezes, sobre a necessidade de fotografar as belezas das comunidades populares em oposição às imagens que mostram apenas o feio, o exótico e associam um estereótipo negativo a esses lugares.

João Kulcsár, da Faculdade de Fotografia do SENAC, trouxe sua experiência como educador e apresentou a linda proposta de uma alfabetização visual. Kulcsár desenvolve um trabalho com cegos e também com os internos da antiga Febem de São Paulo – hoje Fundação Casa – que vai além do ensino da fotografia em si. Ele procura desenvolver a compreensão das pessoas sobre elas mesmas e a expressão pessoal por meio de um sistema de representação visual.

Na primeira mesa da tarde, Dante Gastaldoni e Egberto Nogueira falaram da experiência do projeto de vendas das fotografias de Ripper no mercado de Fine Art. Elas estarão disponíveis para compra na Ímã Foto Galeria, em prol do trabalho social desenvolvido por ele. Em seguida, o debate sobre as políticas públicas para cultura pontuou a importância da educação estética, que possibilita a ampliação das possibilidade narrativas, desenvolve o repertório simbólico e permite os exercícios dos direitos de cidadania de cada pessoa.

O deputado federal Ronaldo Zulke, mediador da mesa, também apontou o desenvolvimento econômico promovido por uma política pública de cultura eficiente e trouxe como exemplo a indústria cinematográfica americana que gera mais renda e emprego do que a indústria automobilística dos EUA.

O dia contou ainda com a palestra sobre a realização do livro Paisagem Submersa, de Pedro David e o encontro com a fotógrafa Jane Atwood, que deixou todo mundo impressionado com a qualidade de seu trabalho. Vale a referência, então. E para fechar a noite, o lançamento do belíssimo livro Cavalo de Santo, de Mirian Fichtner, levou um colorido especial ao Santander Cultural com os muitos filhos de santo das religiões de matriz africana do Rio Grande do Sul.

Nair Benedito na plateia do FestFotoPoA - Foto Ana Lira

Mas o segundo dia do FestFotoPoA foi além das mesas e dos debates. E para mim falar do dia de ontem é falar de belezas, felicidade e da alegria dos encontros. A simpatia do povo gaúcho está presente no clima amigável de todo o festival, dos seguranças ao coordenador geral, Carlos Carvalho. E a utopia parece ser uma busca bem real de boa parte das pessoas que comungam com o evento.

A generosidade do mestre Ripper, por exemplo, vai muito alem da fotografia. O aprendizado com ele é constante. Aprende-se sobre luz, equipamento, enquadramento e paciência para fotografar, mas aprende-se muito mais sobre a vida, sobre carinho e sobre respeito pelas pessoas. Sem dúvida eu tive um dia muito feliz. A singularidade de Miguel Chikaoka também me tocou imensamente. Ele me ensinou sobre a importância das mãos, do toque e de medir o tamanho de um abraço com a palma das mãos e nos colocou diante de uma nova percepção: antes da fotografia tem a luz e é preciso aprender com essa luz antes de começar a fotografar.

Foto Ana Lira

Quantos palmos medem o abraço do FestFotoPoA?…

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